“Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã…” A música Cotidiano, de Chico Buarque de Holanda, já falava sobre ela. Você sabe quem é ela?
Ela acorda primeiro que o sol e canta para despertar o galo, sai de casa ainda escuro, mas antes, coloca as xícaras na mesa, lava a louça que está na pia, tira o lixo dos banheiros, separa o uniforme dos filhos, tira o feijão do freezer, deixa a verdura lavada, chama o marido, desliga o despertador, pega toalhas limpas, prepara o lanche do caçula, separa o dinheiro do mais velho, envia mensagens de “bom dia”, faz o café fresquinho, desembaraça os cabelos, coloca o absorvente na bolsa, arruma seu material de trabalho, procura as chaves do carro, pega um sapato sem salto, calça um sapato de salto, busca o pão na padaria, ajuda o filho com os cadarços, faz uma lista de compras, recolhe a roupa do varal, arruma todas as camas, levanta o brinquedo caído, confere sua bolsa e dos filhos, se despede do marido, atende o celular, acompanha o caçula até a Van, abençoa e beija o mais velho, que segue sozinho de ônibus, pega a sombrinha e o agasalho, confere todas as portas, passa batom e perfume, trabalha no escritório até a hora do almoço, volta para casa com pressa, prepara a mistura, tempera a salada, coloca os pratos e talheres, beija os filhos e o marido, serve o almoço, vai ao banheiro pela segunda vez no dia, lava a louça, escova os dentes, se despede da família, volta ao trabalho, enfrenta o trânsito, escreve relatórios, envia e-mail’s, responde mensagens, conversa com a amiga, conta história, dá risada, faz projetos, come um bombom, faz outra lista, encerra o expediente, vai ao mercado, passa no açougue, entra no banco, paga as contas, liga para o contador, passa na sogra, busca o caçula, faz a tarefa de casa, ensina regra de três, faz a janta, espreme as laranjas, corta os tomates, corta as unhas do filho, corta o carboidrato, corta o refrigerante, lembra de beber água, liga para a mãe, pergunta sobre o pai, envia mensagens de “boa noite”, lava a louça, tira cutículas, coloca roupas na máquina, conta uma história, escuta outra história, lê quatro páginas de um livro, faz uma pesquisa no Google, no quarto escuta um ronco, na cozinha escuta outro ronco, assalta a geladeira, apaga o abajur, arruma a mochila do filho, usa o demaquilante, observa o espelho, liga o chuveiro, relaxa por quatro minutos e vinte e três segundos, escova os dentes, faz mais uma lista, apaga as luzes, desliga o celular, deita na cama, balança as pernas, planeja o dia seguinte, faz uma prece, agradece o dia e pede a Deus para que, ao amanhecer, tudo possa se repetir e que ainda tenha tempo de caminhar na esteira, tocar piano, escrever seu livro, alimentar seu blog e fazer artesanato.
E então você pergunta, quem é ela? Ela é você, ela sou eu, ela é aquela mulher que sustenta com honra e glória a rotina de sua família, que faz de seu lar um lugar abençoado, que dedica sua vida aos que Deus lhe enviou. Ela “somos nós”, que conduzimos tarefas domésticas, compromissos profissionais, problemas familiares, transtornos psicológicos, tudo junto e misturado. Somos muitas e únicas, fortes e frágeis, sorrindo e chorando, mas jamais desistindo. Corajosa (sempre), paciente (às vezes) e tolerante (depende), “ela” sempre será o esteio do lar, ensinando, cuidando e amando, acima de qualquer condição, sendo absolutamente incondicional.
Ótima semana a todos!