O Sentido das Artes para a Cura

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Há um movimento muito importante acontecendo na Saúde mundial que precisa ser divulgado e enaltecido, que é a aceitação sobre a espiritualidade humana, como um importante instrumento coadjuvante no tratamento das doenças.

Não estamos falando sobre técnicas alternativas ou exclusão do acompanhamento de uma equipe de saúde do tratamento do paciente. Não! A ideia central é dar ouvidos e valor a espiritualidade do doente, nos componentes que envolvem sua crença, fé e esperança na cura de suas enfermidades.

O abandono do tratamento clínico para alternativas religiosas ou místicas não fazem parte desse processo também. Oque está se buscando são programas que visem à inserção da espiritualidade como elemento de assistência mais humanizada na saúde, como um horizonte desafiador, contudo estimulante.

A visão anatômica, patológica e técnica da gênese das doenças fizeram com que boa parte da equipe de saúde fragmentasse o paciente em procedimentos laboratoriais, de diagnóstico por imagem, intervenções médico-cirúrgicas na busca pela melhora física, bioquímica e fisiológica da doença, mas se mantem afastada da espiritualidade desse ser humano.

Esta manifestação da espiritualidade, em se conhecendo melhor, pode ser utilizada em favor do doente, e quem sabe dar uma resposta definitiva as questões angustiantes da existência humana.

As religiões tem um papel importante, mas não são as únicas. Nos EUA uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup encontrou que 80% dos americanos diziam que a frase “eu recebo bastante conforto e apoio de minhas crenças religiosas” era verdadeira, sendo que a partir dos 65 anos o encontrado era 87%.

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo verificaram que 90% dos pacientes dizem que crenças religiosas e suas práticas são importantes formas pelas quais elas podem enfrentar e aceitar melhor suas doenças físicas, mas vamos ampliar esse conceito de espiritualidade e dar uma visão mais abrangente para ela.

A espiritualidade é encontrada em todas as culturas e sociedades. Ela é expressa nas buscas individuais para um sentido mais amplo na crença em Deus, mas também na família, na humanização pela natureza e no despertar pelas artes.

Deixo claro que espiritualidade não está ligada apenas às orientações religiosas, mas também na necessidade de se encontrar significado, razão e preenchimento na vida, pela esperança, fé em si mesmo, nos relacionamentos e em sua divindade espiritual.

Toda pessoa é espiritual, enquanto dotada de espírito.  A palavra espírito não se refere especificamente à divindade, mas à capacidade de autoconsciência, de fazer uma reflexão sobre si mesmo. Daí a importância de se incorporar outros conceitos na programação terapêutica das doenças.

Veja com as artes participam muito bem desse processo. As artes exteriorizam as frustrações e emoções reprimidas. A dança colabora na autoaceituação pessoal, pois valoriza os movimentos corporais em gestos sozinhos ou acompanhados que estimulam vencer obstáculos e viverem novas emoções.

A música é capaz de acalmar ansiedades, estimular os depressivos, tanto pelas propriedades tranquilizantes, como estimulantes. As esculturas e pinturas colaboram em acalmar o estresse, melhorando concentração e atenção pessoal.

O teatro é ótimo como elemento responsável para potencializar a autoestima e confiança em si mesmo, quebrando tabus, medos e neuroses pessoais. A fotografia estimula a criatividade visual ativa, estimulando as pessoas a terem um olhar mais ativo do mundo.

Espera-se que os sentimentos, que são universais, sejam experimentados como elementos terapêuticos, pelo amor, pela alegria, ou mesmo pela tristeza ou pelo espanto, mas que conduza ao autoconhecimento e que possa, dessa forma, se ter encontrado um sentido mais amplo para a cura e não a perpetuação da doença.

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