O crescimento populacional de idosos, associado à uma forma de vida mais saudável e mais ativa, deixa este grupo de pessoas mais exposto ao risco de acidentes. Em alguns países, o trauma do idoso responde por uma elevada taxa de mortalidade, a qual se apresenta de forma desproporcionalmente maior do que a observada entre a população de adultos jovens. Tal fato acarreta um grande consumo de recursos financeiros destinados à assistência da saúde e um elevado custo social. As características fisiológicas próprias do idoso, assim como a presença frequente de doenças associadas, faz com que estes pacientes se comportem diferentemente e de forma mais complexa do que os demais grupos etários. Estas particularidades fazem com que o atendimento ao idoso vítima de trauma se faça de forma diferenciada. A assistência à saúde ao idoso tornou-se prioridade, tendo em vista o aumento progressivo da expectativa de vida observado nas últimas décadas. A população mundial com idade igual ou superior a 60 anos compreende cerca de 11% da população geral, com expectativa de aumento nas próximas décadas. O trauma é a causa mais frequente de morte em pessoas com menos de 44 anos de idade. Contudo, não é condição exclusiva de jovens. Em 1991, nos Estados Unidos da América, os idosos, definidos como pessoas com mais de 65 anos, representavam 12,7% da população e 29% das mortes devidas a trauma, bem como 7,8% de todos os acidentes, envolviam pessoas idosas. A OMS (Organização Mundial de Saúde) define idoso baseado no nível sócio econômico de cada país, ou seja, em países em vias de desenvolvimento, idoso é toda pessoa com idade igual ou superior a 60 anos, enquanto que em países desenvolvidos considera-se a partir de 65 anos. Entre 28 a 35% das pessoas com idade superior a 65 anos caem uma vez por ano e verifica-se um aumento para 32 a 42% nas pessoas com mais de 70 anos. A ocorrência de queda aumenta com a idade e com o nível de fragilidade. A taxa de internação hospitalar por quedas, em pessoas com mais de 60 anos na Austrália, Canadá, Reino Unido e Irlanda do Norte, varia entre 1,6 a 3,0 a cada 10.000 habitantes. O grupo dos adultos integra os seguintes fatores de risco: idade superior ou igual a 65 anos, histórico de quedas, viver sozinho, uso de próteses no membro inferior e uso de auxiliar de marcha (cadeira de roda). Os ambientes de risco são: ambiente desorganizado, exposição a condições de insegurança relacionadas com as condições climáticas (piso molhado), iluminação, material antiderrapante, uso de contenções, uso de tapetes. No grupo dos agentes farmacológicos estão presente os fatores: consumo de álcool e a utilização de fármacos. Nos fatores de riscos fisiológicos estão inclusos as doenças agudas, alteração de glicemia, anemia, neoplasias, comprometimento de audição, equilíbrio, urgências urinárias, vascular e visual.
A partir destes fatores de riscos recomenda-se uma avaliação do risco individual que interfere os fatores que estão com frequentemente associados ao aumento do risco de queda. A evolução do idoso, vítima de trauma, pode correlacionar-se de forma mais adequada às doenças preexistentes e à reserva fisiológica do paciente do que com os índices que tomam por base a gravidade das lesões, exceto nos pacientes com lesões muito graves. Os pacientes idosos vítimas de trauma recebem atendimento da mesma forma que os pacientes de outras faixas etárias, ou seja, devem ser seguidas as recomendações do Colégio Americano de Cirurgiões – estabelecidas no Advanced Trauma Life Suport (ATLS). O processo de reabilitação do idoso, diferentemente do paciente mais jovem, ocorre de forma mais sutil ao longo do tempo. O período compreendido entre a restrição do paciente ao leito e o retorno à deambulação é crítico. Neste período, em particular, o paciente idoso é ainda mais susceptível ao comprometimento de função cardiopulmonar, ao aparecimento da trombose venosa profunda, à atrofia muscular, às alterações articulares e às lesões por pressão.
Dr. Chaudes Junior, médico especialista em clínica médica com área de atuação em medicina de urgência. Pós-graduado em terapia intensiva e atendimento pré-hospitalar; atua como coordenador da rede de urgência e emergência do município de Votuporanga, e é o primeiro tesoureiro da ABRAMURGEM. Diretor técnico da Mobile Care Assistência Médica e da Clínica de Assistência Estar Bem. Docente do curso de medicina da Unifev.