Dia desses estava muito incomodada com algumas situações. Estava cansada de pessoas que parecem ter a necessidade de se exibir, mas na verdade são vazias de conteúdo. Estava tentando entender o porquê de alguns serem tão reservados e outros, no entanto terem a necessidade de expor tudo para a mídia e para o mundo.
Será que todos são tão felizes quanto dizem no facebook? Será que eu preciso expor minhas conquistas para todo mundo para ser reconhecida? Essas questões estavam me deixando maluca, queria realmente entender quem estava errada: eu, sempre tão reservada, ou o outro sempre tão carismático e aberto ao mundo.
Seria tolice minha dizer que encontrei a resposta e cheguei à conclusão de que estou certa. Para essa pergunta não há certo ou errado, o que existe são visões diferentes e personalidades diferentes. Mas uma coisa mexeu comigo.
Comentando sobre essas minhas questões com uma pessoa que confio muito e sempre tem algo grandioso para me ensinar, tive uma resposta que aquietou meu coração. Ela me contou sobre a parábola das “carroças vazias”. Em resumo, se você não conhece a história, como eu não conhecia, ela narra o diálogo entre um pai e um filho. O pai mostra ao menino que podemos saber se uma carroça está ocupada ou vazia apenas pelo barulho que faz, pois quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que ela faz.
Essa história tão simples e verdadeira me fez repensar em muitas das questões que eu estava passando. Passei a observar que realmente quem muito fala, pouco tem. Passei a perceber que as pessoas mais ricas em conteúdo que eu conheci ao decorrer da vida não faziam barulho. Percebi que grandes coisas estão em pequenos e silenciosos detalhes. Descobri que essa necessidade de espalhar ao quatro cantos do mundo tudo o que você tem, muitas vezes é autoafirmação, insegurança.
Minha mãe já dizia: contra a inveja, o silêncio. E eu sempre tive a mania, mesmo que bem seletiva, de contar as pessoas o que se passa comigo. Mas aprendi que para fazer as coisas acontecerem, basta você querer e ninguém precisa ficar sabendo. Mamãe e a história da carroça estavam certas.
Tão perigosa e poderosa quanto a inveja, é a falsa ilusão de acharmos que chegamos ao topo. E esse exibicionismo exagerado contribui muito para essa sensação. Quando achamos que podemos tudo e já temos tudo, somos impedidos de olhar para frente.
Pois então, espero por um mundo com menos carroças vazias e barulhentas, onde cada um saiba sua essência e isso por si só, já diga tudo.
Boca calada, coração e alma aberta! É assim que pretendo seguir meu caminho.