Matando um Leão por Dia

“Olá, como vai? Eu vou indo e você, tudo bem? Tudo bem eu vou indo correndo. Pegar meu lugar no futuro, e você?”  (Sinal Fechado – Paulinho da Viola)

 “Matar um leão por dia” é uma expressão muito conhecida. Ela é dita no meio empresarial expressando a necessidade de vencer nos negócios ou em conquistas  pessoais fazendo com que a pessoa ou vendedor  atinja objetivos dentro de suas metas comerciais.

Apesar de ser uma frase ou expressão corriqueira, relacionada às estratégias de negócios e das dificuldades com que as empresas passam com essas estratégias, não se trata de uma frase ingênua, muito menos inocente. Por trás dessa frase há um contexto negativo que precisa ser levantado.

A frase trás uma deliberada exclusão de todo o histórico ou história do individuo naquela empresa ou sociedade, pois as metas diárias excluem o passado das conquistas, pois oque interessa são exclusivamente oque devemos conquistar para hoje.

Associando que somos um País sem memória, onde “Carlos Drumond de Andrade” se torna uma estátua decorativa na praia de Copacabana e Carmem Miranda é a tal das bananas, simplificamos perjuriosamente a identidade de alguém, sem respeitar a complexidade do individuo.

Uma frase como a citada no inicio demonstra que além de sermos descuidados com a história, sem memória, somos desrespeitosos com o ser humano.  

Matar o leão todos os dias faz parte da odisseia humana dentro de sua luta pela sobrevivência social, significa dominar o território da convivência humana entre os seres.

“Penso logo existo”, se tornou “Faço logo sobrevivo”, sem se importar com qualquer concepção humanística que nossos tempos apagam progressivamente.

Ver apenas pelo flash da conquista momentâneo do hoje nos exclui da somatória das relações e estratégias que tivemos nas conquistas passadas. Exclui-nos de saber quem é o outro e como a essência desse ser humano pode ser utilizada em vitórias futuras.

O circunstancial problema está na diluída identidade das pessoas, nas dificuldades da pró-atividade, o medo pelos sistemas de gestão da qualidade dentro de uma empresa, que inclui o mundo virtual (digital) e exclui o sentimentos e a individualidade.

Somos diferentes em tudo. Cor, raça, credo, paixão, cheiro, gosto e medos, mas isso está sendo pouco reconhecido! O que importa é uma espécie de seleção natural de humanos no “Salve-se quem puder” e na diluição de relacionamentos fieis e duradouros.

Acredito que não é preciso fazer oque o colega faça para ser semelhante a ele! Somos semelhantes pelo que acreditamos e compartilhamos. Mataríamos, desta forma, vários leões se estivéssemos em equipe e motivados!

A crise mundial não é financeira e sim de relacionamentos. A cada desafio que se enfrenta sozinho, se apresenta o risco de desmoronar emocionalmente. Nem santos e nem pecadores estão livres dessa realidade.

É necessário desenvolver mecanismos de defesa para enfrentar a caçada do dia-a-dia, para não ser engolido pelo leão, rugindo ao redor com as armas do pânico, ansiedade e da depressão.

Matar um leão hoje em dia está sendo muito solitário, não se desfrutando de relacionamentos e muito menos de aprendizado coletivo.

Aproveitando ainda o alerta poético de Sinal Fechado: “Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios. Oh! Não tem de quê, eu também só ando a cem”!

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