O ortopedista Flávio Henrique Nuevo Benez, natural de Votuporanga, foi destaque na edição de Agosto da revista CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo). Confira na íntegra abaixo:
Ortopedista inspira pacientes em reabilitação
Nascido na cidade de Votuporanga, no interior de São Paulo, o ortopedista Flávio Henrique Nuevo Benez sempre soube que estava destinado a ser médico. “Desde criança me interessei pela Medicina. Além disso, em minha família e círculo social próximo, existem umas 20 pessoas que trabalham na área da Saúde. Nunca me faltaram exemplos, inspirações e os mais diversos incentivos”, conta.
Graduado em Medicina, pela Universidade São Francisco, em Bragança Paulista, Benez especializou-se primeiramente em Ortopedia e Traumatologia. Posteriormente, obteve título de especialista em Medicina Física e Reabilitação e certificação para atuar na área de Cirurgia do Joelho. O médico também é mestre em Ciências da Saúde pela mesma universidade.
No início da carreira, atuou nas Santas Casas de Fernandópolis e de Votuporanga, nos setores de Urgência e Emergência, realizando plantões e cirurgias, além de acompanhar pacientes em reabilitação.
Em 2010, Benez e a esposa, Nayara Sabino Colombano, mudaram-se para Fernandópolis. O ortopedista começou a trabalhar no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) e na Rede de Reabilitação Lucy Montoro do município.
Novos rumos
Após um acidente em 2014, o médico teve que reconstruir sua vida. Durante uma confraternização com amigos, ele escorregou na beira de uma piscina, o que provocou uma lesão na quarta vértebra cervical. Por atuar na área de ortopedia e acompanhar diariamente quadros semelhantes, Benez já sabia, no momento da queda, da gravidade do acidente e que aquele tipo de lesão o deixaria tetraplégico.
Três meses depois do acidente, período em que passou por algumas cirurgias e atendimento de reabilitação, Benez retornou ao trabalho, dedicando-se à prática clínica e à área de gestão. “Voltar ao trabalho foi como voltar à vida. Tive que assumir um ritmo diferente devido às limitações físicas, mas sempre tive em mente que aquilo que me tornava médico ainda estava funcionando. O corpo parou, mas a mente e a vontade de ajudar as pessoas permanecem mais vivas do que nunca”, explica.
Benez se considera um profissional privilegiado por trabalhar em um centro de reabilitação. Diante de suas novas necessidades, ele atua em um ambiente de trabalho acessível e totalmente preparado para recebê-lo.
Para continuar atendendo em consultório, o ortopedista passou a contar com o auxílio de um enfermeiro, na realização de exames físicos e preenchimento de prontuários. A receptividade dos pacientes, segundo Flávio, foi fundamental para a reabilitação e o retorno às atividades médicas.
Exemplo em dobro
“Mesmo para um médico da área, conhecedor de todas as etapas que deveriam ser enfrentadas depois do acidente, sofrer um trauma como esse é extremamente marcante. Mas, aos poucos, percebi que a minha relação com o paciente melhorou e, inclusive, me tornei um exemplo para eles. Por identificação, fiquei mais próximo daqueles que me procuravam e entendi melhor o processo de reabilitação”, revela.
Após a jornada de trabalho no Lucy Montoro, Benez realiza suas sessões de reabilitação e fisioterapia no mesmo local. “Quando voltei a clinicar, senti que poderia fazer muito mais pelos pacientes. Ser deficiente físico exige muitos planejamentos e, nós, médicos, devemos auxiliar as pessoas da melhor maneira possível. Temos que pensar além das dores e da evolução na fisioterapia. Também é nossa missão buscar medidas que facilitem a vida de nossos pacientes, como pensar nas necessidades fisiológicas, no enfrentamento da doença e em como mantê-lo ativo”, observa.
Consulta
Médico com deficiência física pode realizar atendimento clínico e hospitalar?
É possível que um médico com necessidades especiais, como a tetraplegia, atue em serviços de atendimento médico, desde que possa contar com uma equipe médica que possa auxiliá-lo, caso seja necessário, e que o serviço em questão faça as adaptações necessárias à sua locomoção e exercício profissional, visando garantir a qualidade da assistência à qual o paciente tem direito.
Baseado em parecer homologado em 4 de julho de 2017, na 4.786ª sessão plenária do Cremesp.