Francis Bacon, considerado o fundador da ciência moderna e grande defensor do método indutivo, disse a celebre frase: “Conhecimento é em si mesmo um poder.”
Frase essa que, desde a sua primeira citação, nunca deixou de ser atual e verdadeira. O conhecimento vem sendo, desde sempre, uma fonte de poder e uma maneira de controlar pessoas e situações. Tudo o que uma pessoa sabe, acaba sendo uma ferramenta para que ela possa existir, se desenvolver e lutar. Tudo o que ela não sabe, acaba sendo uma maneira de dominá-la, enganá-la e negá-la.
Como dito, o ato de controlar o acesso ao conhecimento vem sendo utilizado como instrumento de controle desde os primórdios da humanidade. Porém, no tocante a questão histórica não há muito o que ser feito, a não ser, é claro, aprender com o passado. O grande problema está no presente, momento em que a disseminação do conhecimento e da educação ainda são negados como forma de controle social.
Gostaríamos de falar sobre dois ambientes nos quais o conhecimento e a educação poderiam ser divulgados de maneira correta e ética, mas que nem sempre se prestam a tal papel, quais sejam: escola e mídia.
A verdade é que se você quer uma educação de qualidade para os seus filhos, precisa considerar o preço da mensalidade em uma escola particular, antes mesmo de engravidar. A maioria esmagadora das escolas públicas brasileiras não podem nem ao menos ser consideradas como piada de mal gosto, pois corremos o risco de ofender piadas racistas, machistas e incitadoras do ódio, tamanha a falta de estrutura e de condições. A escola deveria ser a fonte máxima de conhecimento e educação, deveria preparar um jovem para viver em sociedade e para ser feliz, equilibrado e qualificado. Mas tudo o que encontramos é uma infraestrutura precária, professores cansados e alunos desmotivados dos estudos, da vida e do futuro.
No tocante as mídias, o acesso à informação vem sendo amplamente facilitado pelo uso da internet, o que não só não resolve o fator controle de informação, uma vez que muitos canais de comunicação ainda controlam grande parte das fontes. Mas também agrava a situação com o surgimento de informações falsas.
Com esse cenário desenhado, chegamos a preocupação que deu origem a esse texto: se conhecimento é poder, e o povo não tem conhecimento, como dizer que o poder está de fato nas mãos do povo? Como podemos dizer que o povo ira eleger seus governantes através de seu poder constitucional, se ele não tem conhecimento real sobre os políticos e, mais do que isso, não tem educação e conhecimento moral sobre representatividade, eleições, voto, direitos e deveres?!?!?!
Talvez o grande problema da nossa sociedade atual seja que nossa querida e desrespeitada Carta Magna diga que todos devem ter acesso à educação e que, caso tal direito seja negado, cabem ações e demandas judicias. Porém, a realidade nos mostra que nada acontece. Uma das razões? O conhecimento não está sendo negado oficialmente, sempre há uma desculpa para o que acontece e grande parte da população prefere não enfrentar o problema de frente. O conhecimento já foi clara e legalmente excluído da mulher, do negro, do índio, do pobre e de muitas outras castas sociais e, cada uma delas a seu modo e a seu tempo, conseguiu chegar mais perto dele e da educação.
Contudo, hoje não temos essa negativa clara, que facilitaria um processo de organização por parte da sociedade, ao invés disso, as explicações acabam facilitando que cada um fique na sua zona de conforto.
Ficam então os questionamentos:
Até quando permitiremos isso?!
Até quando olharemos para o outro lado?!
Até quando deixaremos nossas crianças a margem das oportunidades por comodismo?!
Até quando vamos fingir que a grande parte da nossa população não está sendo clara e oficialmente excluída, ainda que não legalmente?!
Sugiro que pensemos rápido nessas respostas, pois outubro não deve demorar a chegar.