André Nonato
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Pedalar une pais e filhos, conecta grupo de amigos e transforma
pessoas sedentárias em atletas de elite do mountain bike
O uso da bicicleta como esporte e recreação tem aumentado nos últimos tempos. Antes mais ligado ao transporte urbano alternativo, o ato de pedalar tem se tornado um exercício físico cada vez mais procurado por pessoas de todas as idades.
Para tentar popularizar o esporte, ainda mais, em Votuporanga, a Avocicli (Associação Votuporanguense de Ciclismo) organiza hoje, a partir das 13h, o evento “24 horas de Ciclismo”. O local utilizado será a ciclovia do Parque da Cultura.
A inauguração de um local propício em Votuporanga para os amantes do esporte sobre duas rodas foi o que motivou a associação a retornar com o evento, que aconteceu de 2005 a 2008, quando era realizado na praça São Bento.
Uma premiação para quem andasse 12 horas ininterruptas foi um dos auges do evento, quando o vencedor ficou das 7 da noite até 7 da manhã pedalando. “Na época a gente não tinha espaço adequado, na praça ficou muito apertado e resolvemos parar”, explica Décio Guimarães Neto, presidente da Avocicli.
A ideia do evento é fazer as pessoas pegaram o gosto em pedalar. “O ciclismo é viciante”, admite Décio. Para não deixar os ciclistas pararem por nem um minuto até as 13h de domingo, Décio e os demais integrantes da Avocicli estão organizando os horários dos ciclistas. “Caso ninguém apareça no horário combinado, a gente sobe na bicicleta e pedala um pouco mais. A ideia é não deixar a ciclovia parada”, conta.
Décio já planeja a realização da segunda edição para o meio do ano de 2017. “Queremos colocar um chip para ver quem consegue pedalar mais tempo e também colocar premiações”, conta Décio.
Nesta edição está previsto o sorteio de brindes de ciclismo, que serão distribuídos aos que doarem um litro de leite. As doações serão repassadas a casa de acolhimento do pacientes do Hospital de Câncer de Barretos. O evento é uma realização da Avocicli e da Prefeitura de Votuporanga.
Família
O ciclismo é mais do que um esporte. Ele serve para unir famílias, conectar grupos de amigos e transformar pessoas sedentárias em atletas competitivos; e exemplos do benefício do esporte na vida das pessoas não faltam.
Motorista de van escolar, Ricardo Ribeiro de Carvalho tem o ciclismo como esporte há uma década. Há três anos, ele resolveu levar para pedalar o filho, também Ricardo, na época com oito anos.
No começo o garoto não aguentava andar muitos quilômetros e contava com a ajuda do pai, que o “guinchava”. “Com o tempo ele foi acostumando”, conta Ricardo. Ao ver o desempenho do filho em cima da bike, a mulher de Ricardo, a professora Rosana Duran de Carvalho também se animou e resolveu acompanhar os dois.
Hoje em dia, os três desbravam as estradas da região em família “É uma terapia, relaxa, descansa a mente e o espírito, tira o stress do dia a dia. É um exercício para o corpo e a mente”, diz Ricardo.
Para o atleta amador, o ciclismo ajuda também a mulher e o filho a saírem um pouco da frente do computador e aproveitarem a vida unidos. “Com a bicicleta, interagimos mais, conversamos sobre o nosso cotidiano e aproveitamos para ficarmos juntos”, conta.
Amigos
Há um ano (comemorados com uma festa na última sexta-feira) as mulheres do grupo de ciclismo Divas da Bike Terra resolveram se unir para pedalar pelas ruas e estradas de terra de Votuporanga.
Capitaneadas pela dona de casa Maria Aparecida dos Santos, as 50 amigas se transformaram em uma verdadeira família. “Somos muito companheiras. A gente conversa, dá risada. Não nos separamos nunca mais”, afirma.
O Divas da Bike, que tem até página em rede social, é derivado do grupo Bike Terra, criado por Maria Aparecida e pelo marido dela, Aparecido Estevão dos Santos, o Cido. Idealizado há sete anos, hoje em dia o grupo tem mais de 100 pessoas.
O ciclismo faz parte até da vida afetiva de Maria Aparecida. Ainda solteira, ela conheceu Cido andando de bicicleta. Entre uma pedalada e outra, os dois começaram a namorar e depois se casaram. “São 23 anos juntos”, diz.
Elite
Quando começou a pedalar, a auxiliar administrativa Viviane Hara, de 34 anos, não era praticante de esporte algum. “Era totalmente sedentária”, afirma. Convidada por uma amiga, em maio de 2014 ela começou no esporte. “Sofri no começo, mas depois peguei o jeito”, recorda.
Se no início Viviane pedalava apenas duas vezes por semana, hoje ela treina todos os dias da semana. Nos treinos de domingo, por exemplo, ela percorre de 80 a 100 quilômetros. “Perdi 10 quilos nesse período e o condicionamento físico é muito melhor”, conta. De sedentária Viviane se transformou em atleta de elite do mountain bike, categoria do ciclismo no qual ela resolveu se especializar.
Com o esporte, a ciclista já viajou para inúmeras competições, em Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Catanduva e até fora do estado, em Três Lagoas (MS). Tudo isso com o apoio de patrocinadores que custeiam a bicicleta, academia, uniforme, viagens e inscrições para as competições que Viviane disputa.
A vida mudou tanto que Viviane não pensa nas costumeiras festas de fim de ano, onde abundam as ceias com comidas que engordam, as bebidas e o ócio. “Vou usar esse tempo vago no fim do ano para focar nos treinos e começar 2017 ainda melhor nas competições”, ressalta.